Insights
A marca como bússola dos negócios
Foto por Ellena McGuinness no Unsplash
Você sabe dizer por que as marcas são um dos ativos mais importantes para às empresas? Existem diversas respostas, uma delas é a de que, sem as marcas, as empresas não criam conexões emocionais com as pessoas e, por consequência, não se tornam relevantes para suas vidas. As marcas aproximam as empresas e seus produtos para além de suas relações comerciais.
O mundo dos negócios é, como já dizia W. Chan Kin, um oceano — vermelho — onde “as empresas precisam ir além da competição. Para conquistar novas oportunidades de crescimento e de lucro, elas também precisam criar seus oceanos azuis.”
Porém, para quem conhece a teoria de Kin, explorar um oceano azul é muito difícil. A vida em um oceano vermelho é voraz. É como uma “pesca mortal”, onde somos o peixe e o pescador, simultaneamente. Como você pode imaginar, uma “pesca mortal” pode trazer muitos riscos e também um certo medo de agir.
Neste movimento vemos empresas e marcas se deixarem levar por águas mornas. Assumindo atitudes e caminhos já trilhados por outros, caem na armadilha de uma zona de conforto nada atraente. Um problema sério! Viver contemplando uma lagoa é muito bonito, mas não é um bom negócio para a saúde das marcas.
Outro movimento muito comum são de empresas que vivem na pressa de ir pescar em alto mar, sem antes ter ido no pesque e pague. Pesca em alto mar exige maturidade, técnica e planejamento. O pesque e pague pede paixão, desejo e paciência,
Agora, deixando as metáforas de lado, temos visto empresas — de diversos tamanhos — tomando atitudes realmente relevantes para as pessoas, se fazendo cada vez mais próximas e se tornando a primeira escolha em suas decisões de compra. Deste modo atingem e superam seus objetivos estratégicos, olhando além do lucro e o crescimento percentual de suas ações ou ativos.
Reunimos quatro aspectos que consideramos importantes na gestão do seu negócio, que não dependem de verba nenhuma mas podem influenciar diretamente o papel da sua marca na vida das pessoas.
Consistência
O dicionário define consistência como “firmeza de pontos de vista ou de caráter; persistência”. Um negócio com esta característica segue exatamente esta definição. Apresenta o seu ponto de vista sobre o mundo e responde a principal necessidade que o seu negócio resolve na vida das pessoas. Deixa claro seus valores, crenças e princípios por meio de um posicionamento claro.
Um negócio consistente consegue captar as nuances da vida e sintonizar com o seu discurso de maneira coerente e verdadeira. Sabe aquela empresa que possui em seus valores “desenvolvimento sustentável”, mas força descontos absurdos dos seus fornecedores? Ou empresas que pregam o “respeito à vida”, exigindo de seus profissionais extensas jornadas de trabalho? São ótimos exemplos de organizações sem consistência.
Coerência
A famosa expressão “walk the talk” cabe perfeitamente aqui. Neste caso, traduzimos como “andar”, ou seja, agir, de acordo com o discurso. Aqui é onde bate o receio e o mal de “será que serei aceito?”, “se eu for por esse caminho eu vou conseguir clientes?”. A resposta é, sim! Se você for firme e coerente em um posicionamento e no seu ponto de vista, haverá gente com você, sempre.
Para complementar esta característica, utilizamos uma citação do discurso de Theodoro Roosevelt, de 1910:
Não é o crítico que importa; nem aquele que aponta onde foi que o homem tropeçou ou como o autor das façanhas poderia ter feito melhor. O crédito pertence ao homem que está por inteiro na arena da vida, cujo rosto está manchado de poeira, suor e sangue; que luta bravamente; que erra, que decepciona, porque não há esforço sem erros e decepções; mas que, na verdade, se empenha em seus feitos; que conhece o entusiasmo, as grandes paixões; que se entrega a uma causa digna; que, na melhor das hipóteses, conhece no final o triunfo da grande conquista e que, na pior, se fracassar, ao menos fracassa ousando grandemente.
Roosevelt utiliza a “arena da vida” como metáfora para expressar o cotidiano e as relações humanas. Para as marcas a “arena” também existe e simboliza todas as relações da organização com o mercado e com as pessoas. Nós precisamos estar inteiros, aceitar nossos erros, reconhecer nossas paixões e lutar bravamente por “uma causa digna”.
Transparência
Algum tempo atrás a Pâmela me mostrou essa frase da Dani Lazzarotto: “Assuma as merdas que você fez e evolua”. Isso é transparência. Pelo menos uma grande parte dela. Transparência é um dos assuntos mais discutidos hoje, e não é por menos, a informação está cada vez mais disponível e distribuída. É um erro pensar que guardar a informação é a regra. Compartilhar, dividir, cocriar, são, sim, as novas mandantes dos dados.
Se nós queremos que as pessoas — sejam elas clientes ou colaboradores — se entreguem 100% pelo nosso sonho, a gente precisa dividir — e ser honesto — com elas. Isso também significa tornar este sonho particular em um desejo coletivo, certo?
Constância
É andar sem colocar a carroça na frente dos bois. Se dedicar em construir uma marca para a vida toda e não só para os próximos 3, 5 ou 10 anos. É, também, olhar o quadro todo, planejar o que você quer pintar e fazer isso diariamente.
Com a metáfora que nos referimos anteriormente, constância é como o ritmo das ondas, hora é mais forte e horas mais fraco, está sempre se movimento. No universo relacional da marca não é diferente, devemos fazer movimentos ritmados, um depois do outro e, de preferência, sempre em frente, sem voltar atrás.
Como uma bússola, estas quatro condições guiam as estratégias do negócio e ajudam a compreender se o rumo que se foi planejado está movendo a marca para o lugar desejado. Haverão, sim, contratempos e dificuldades que colocarão o planos sempre à prova, porém, com persistência e foco, você vai encontrar na marca um guardião para guiar o caminho do seu negócio para resultados além dos esperados. Sem necessariamente investir um real.